Mateus, garoto bem afeiçoado, muito inteligente, dedicado aos estudos, filho de pais separados, mas muito querido e amado pelos dois.
O progenitor nem se fala, vive as 24 horas do dia para cuidar do seu unigênito. É um amor incondicional, capaz de fazê-lo substituir o filho numa tomada de injeção, somente para que ele não sinta a picada da agulha. Se o rapaz faz um movimento como se fosse espirrar, papai Plínio já vem correndo com um lenço de papel na mão e bradando: "Saúde, meu filho! Saúde!,
Rapaz esforçado que se preparou com afinco para ingressar nas nossas gloriosas Forças Armadas, especificamente no Exército brasileiro, foi aprovado com louvor no curso de sargento, graças às suas excelentes notas.
Com a notícia da aprovação do venerado filho, papai Plínio nem mesmo esperou a convocação do garoto. Radiante de felicidade, foi ao centro de Recife e comprou uma mala de viagem e logo em seguida, o papai coruja, usando a identidade funcional do seu irmão, o tenente Poí (ambos são muito parecidos fisicamente), entrou numa loja de artigos militares e comprou roupa camuflada, coturno, capacete, cantil e uma garrucha. Voltou para casa com um sorriso contagiante, assoviando o Hino Nacional.
Os irmãos sem entender o comportamento intrigante do papai Plínio, logo indagaram: "Você está bem, meu irmão? O que está acontecendo? Por que essas compras inesperadas e sem sentido? Papai Plínio, transpirando felicidade, retrucou: "Embarcarei com o meu filho para Blumenau-SC, irei cuidar dele no quartel, o meu bebê ainda não está preparado para fazer tudo sozinho". As irmãs Eva e Eliane, não entendendo mas respeitando a atitude excêntrica do saltitante irmão, finalizaram com uma última pergunta: "Qual será o seu nome de guerra: vai se chamar Plínio ou Barreto? Vibrando como nunca, respondeu: "Nenhum dos dois, meu nome de guerra escrito na tarja do fardamento vai ser O PAI DO SARGENTO".
Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
O tio do sargento