Benedito Morais de Carvalho(Benê)
NÃO SOU POETA, SOU UM ARRUMADOR DE PALAVRAS.
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                       ÉRAMOS FELIZES E SABÍAMOS

 

  Anos sessenta. Os dias começavam cedo, com o leiteiro gritando de porta em porta como se estivesse anunciando mais uma jornada de aventuras. Sem a pressa e a pressão do mundo moderno, as crianças encontravam alegria nas coisas mais simples. Eu, como tantas outras, corria pelas ruas, transformando cada esquina, cada campinho de terra em um novo mundo a ser explorado.

  As brincadeiras eram muitas e variadas. Havia o pega-pega, em que a adrenalina e o riso se misturavam em uma dança alegre. Esconde-esconde era prova de engenhosidade, um esconderijo mais criativo que o outro. Cabra-cega trazia desafios e risos. E as cordas, girando no ar, convidavam-nos a pular e contar. E quem não se lembra das tardes jogando bola no Quadro de São Luiz?

     Não havia videogames, e a televisão, quando presente, era uma janela para mundos distantes. Eu assistia aos programas na casa do Seu Totô, fascinado com as aventuras de Rin Tin Tin . Mas, na maior parte do tempo, eram nossas próprias histórias que criavam diversão.

      Pipas coloriam o céu, bolinhas de gude e jogos de botão ocupavam as poucas calçadas que existiam na rua. Lembro-me das noites de verão, quando nos reuníamos na calçada para brincar de chicotinho-queimado. "Está frio!" gritávamos quando estava longe, rindo às gargalhadas. "Está quente!", dizíamos à medida que se aproximava do esconderijo.

     Mesmo nos dias de chuva, a diversão não acabava. Tomar banho de chuva era um deleite, barquinhos de papel deslizavam por rua abaixo. No barro, construíamos castelos e desbravávamos mundos imaginários. As latinhas de sardinhas viravam carrinhos em nossas mãos criativas. Cada pequeno detalhe era uma oportunidade de criar, de descobrir, de viver intensamente.

     A vida era simples, mas cheia de felicidade. Nós éramos artesãos da alegria, moldando cada momento com pureza e liberdade da infância. E, olhando para trás, fica claro: éramos felizes, e sabíamos disso.

 

Autor: Benedito Morais de Carvalho (Benê)

 

 

     

Benedito Morais de Carvalho (benê)
Enviado por Benedito Morais de Carvalho (benê) em 16/03/2025
Alterado em 16/03/2025
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