Benedito Morais de Carvalho(Benê)
NÃO SOU POETA, SOU UM ARRUMADOR DE PALAVRAS.
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  ELEGIA À FLORA

 

Na sombra antiga do bosque onde a vida brotava em silêncio,

Choram as folhas no chão, mortas ao som do machado.

 

Ergue-se o tronco em protesto, sem voz, mas cheio de mágoa,

Seca-lhe o veio sagrado, já não lhe corre o orvalho.

 

Antes dançavam os ramos ao sopro gentil das manhãs,

Hoje, em fuligem cobertos, jazem sem rumo ou abrigo.

 

Cada flor que murchou leva um verso que o mundo esqueceu,

Pois calou-se o jardim, como um livro fechado sem fim.

 

Seca o perfume no vento, outrora era brisa encantada,

Hoje é poeira a flutuar sobre o campo vazio.

 

Cantam memórias no tronco, em anéis que o tempo deixou,

Cada camada um suspiro da seiva que ali floresceu.

 

Onde era verde, há cinzas, ruínas do sonho terrestre,

Semeia o homem desdém onde antes brotava o fulgor.

 

Mas ainda, em segredo, germina esperança esquecida:

Raízes buscam o fundo, fiéis ao calor do amanhã.

 

Por entre pedras, renasce uma folha, simples, serena,

Vestígio tímido e forte da vida que insiste em voltar.

 

Oh, que os olhos se abram, que o gesto reverencie a terra,

Pois a flora que morre nos julga em silêncio mortal.

 

Autor: Benedito Morais de Carvalho (Benê)

Obs: O poeta busca dar voz ao que não pode falar.

 

 

 

Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Enviado por Benedito Morais de Carvalho (Benê) em 16/06/2025
Alterado em 16/06/2025
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