CALA A BOCA, POETA
Cala a boca, poeta, não ouse gritar
o mundo prefere fingir a calar
silêncio imposto, voz sufocada
verdades negadas, esperança calada.
Barrigas vazias fome que espreita
cala a boca, poeta, não há colheita
migalhas caindo, mãos estendidas
promessas ao vento, falsas guaridas.
O crime ordena, a lei se desfaz
cala boca, poeta, pois nada se faz
a justiça é cega, os gritos contidos
a vida sangrando em becos perdidos.
Mas não calo, insisto, resisto
se tentam me calar, eu persisto
que o poeta berre e o mundo escute
que a poesia seja um grito, um batuque.
Autor: Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Obs. Poema ainda inédito em livro.